Dependência Química VII
Dependência Química VII
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O vício em drogas transforma pessoas. Pessoas introspectivas, tímidas e quietas se tornam agressivas e violentas. Pessoas sensíveis se tornam cruéis e auto-destrutivas... os psicotrópicos ilegais despertam o pior que há em cada um e ainda o potencializa. É parecido com a chamada "personalidade defensiva": a droga desperta um comportamento defensivo que é, na realidade, ofensivo e sadomasoquista, por um lado porque o adicto está sempre se culpando e se punindo por estar ciente do mal que faz a si próprio e aos outros; por outro, porque está sempre punindo a todos por terem-no transformado naquilo que se tornou. E esta é a chave para um ciclo de ódio, rancor e mágoas cuja tendência é nunca se quebrar, visto que aparentemente é "perfeito" em ruína e desgraça.
Logo aparece o envolvimento na criminalidade. Pessoas jovens, inúmeras vezes menores, traficam, roubam e se prostituem em busca daquilo que já não é mais um prazer, mas agora um alívio, uma necessidade tão grande quanto a fome, a sede ou o frio e ainda mais devastadores a curto prazo.
Presenciei casos escandalosos (o filho que rouba o aparelho de DVD da mãe e sai correndo com ele com a mãe em seu encalço gritando, por exemplo, ou o mesmo acontecendo em um supermercado onde o ladrão, meu conhecido, nadou nas águas pavorosas do Rio Paraibuna para fugir dos seguranças), ah, perdi muitos amigos, tantos que até perdi a conta, eh.
Desde que a "onda" do crack cresceu, e nós, mais jovens, não sabíamos exatamente com o que lidávamos, o que encarávamos como mais uma "brincadeira", tirando uma, de repente foi avassalador, as notícias começaram. "Fulano de tal morreu ontem, ficou sabendo?", "Não! O que aconteceu?", "Foi uma dívida de dez reais na boca, outro foi de overdose, ou de um acidente enquanto estava doidão, ou suicídio...".
De repente a brincadeira se tornava macabra, e não conseguíamos mais nos livrar dela como achamos, que tão facilmente tudo poderia se resolver.
Cheguei certa ocasião, a presenciar o assassinato de um amigo querido, por inúmeras pedradas na cabeça, até que a meus olhos sua cabeça parecesse uma massa. Tal ato foi cometido quando fomos a uma boca de fumo e eu não sabia, mas ele tinha alguma dívida lá que, infelizmente, foi paga desta maneira. A mim, restou correr entre pavor e lágrimas, para não ser o próximo, afinal, era testemunha. Outra vez fui a uma boca, que também chamamos de "biqueira", em cuja entrada jazia um homem rolando de um lado para outro no chão, em chamas, gritando por socorro. A mulher que atendia aos "fregueses" avisava: "quem ajudar ele vai ficar como ele. Vacilou aqui na boca é assim".
Um mundo à parte, em que a vida nada vale e é perdida com a rapidez da chama de um palito de fósforo, o dependente rasteja, implora, chora, faz qualquer coisa para ter a sensação agora não tão boa, mas necessária do uso da droga.
Desesperadora e trágica essa nossa realidade paralela, se tivéssemos escolha agora, se raciocinássemos com a clareza de antes, com certeza fugiríamos daqui pra nunca voltar, mas os neurônios aborrecidos, afogados nesse veneno cruel não nos permite escolha.
O corpo pede, a mente quer, é lá vou eu outra vez, e outra, e outra...
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RF, 32 anos, adicto...
Parte VII....
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